Úlceras vulvares agudas recorrentes: maior risco de complicações em caso de Covid-19?
"Dear Pedro,
Hi. My name is ****** *****, and I’m from Santiago, Chile. I’m contacting you because I saw your article “Lipschutz ulcers: should we rethink this?” and I wanted to ask you a question regarding LU and its possible interaction with COVID-19.
I’m looking for some reliable information about this subject because my mom (...) was diagnosed with LU a couple of years ago (...). To give you some background: my mom experiences recurrent vulvar lesions, usually accompanied by a sore throat and fever. After a long investigation, her doctor (an immunologist) concluded that she had LU and told her to take prednisone each time she started presenting these symptoms. The doctor also told my mom that her symptoms were caused by an “exaggerated response of her immune system” (...).
(...) So my question is: do you know if LU is associated with “cytokine storm syndromes”? Or to put in another words: could my mother’s recurrent outbreaks indicate that she is more likely to develop a “cytokine storm syndrome”, if she gets infected with COVID-19? (...)"
Dado que a questão colocada pode ser partilhada por outros, coloco aqui algumas considerações. Contudo, será necessária a ressalva de que tudo é especulativo neste campo: a resposta mais segura será sempre um "não se sabe".

Contudo, consideremos alguns pontos:
1. As úlceras de Lipschutz ou úlceras vulvares agudas ocorrem, geralmente, em mulheres jovens; estas faixas etárias têm sido aquelas em que tem havido menos complicações do SARS-CoV 2;
2. Embora possa haver recorrência deste tipo de lesões (em cerca de 30% dos casos), o padrão descrito poderá ser o de um herpes genital (necessária a sua exclusão com colheita da úlcera, para PCR);
3. O mecanismo de formação destas úlceras não é ainda conhecido. Uma das teorias mais lógicas é que sejam a consequência da deposição de imunocomplexos (agregados de anticorpos e micro-organismos) - tal não traduz uma resposta exagerada em termos de citocinas;
4. No caso específico apresentado, foi recomendado o tratamento dos episódios com corticóide, o que nesta altura específica será de evitar - mais ainda quando existem opções tão ou mais eficazes e com menor risco;
5. A lista de micro-organismos associados ao surgimento destas lesões é longa e sempre em crescimento. É altamente possível que o SARS-CoV 2 se lhe possa vir a juntar.
Em conclusão, não nos parece que o risco de complicações associadas à infecção por SARS-CoV 2 seja maior em mulheres com história de úlceras de Lipschutz.