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18 de Setembro - dia de sensibilização para o líquen escleroso

A #ISSVD (International Society for the Study of Vulvovaginal Disease) vai promover uma campanha de sensibilização relativamente ao líquen escleroso vulvar, a iniciar no dia 18.09.2020.

No ano passado tal campanha foi dirigida à sensibilização relativamente ao cancro vulvar.

Infelizmente, ainda há algum tabu e desconhecimento relativamente à patologia vulvar - começando pela dificuldade na utilização dos correctos termos anatómicos - inclusivamente por parte dos meios de comunicação social.


1. O que é o líquen escleroso?

O líquen escleroso é uma dermatose inflamatória, que afecta sobretudo mulheres e, preferencialmente a região genital.


2. Como surge?

Trata-se de uma doença auto-imune, com factores genéticos envolvidos, mas não se sabe o que leva ao seu aparecimento. Em cerca de 10-15% dos casos há história de doença noutros familiares.

Não se trata de uma doença infecciosa e não se transmite pelo contacto.


3. É uma doença rara?

Não se conhece a verdadeira prevalência da doença, mas parece ser muito menos rara do que se pensava! Está presente em, pelo menos, 1 em cada 1000 mulheres; alguns estudos apontam para 1 em cada 30 mulheres com mais de 30 anos.

A maior parte dos casos surge por volta da menopausa, mas pode acontecer em qualquer idade, inclusivamente em crianças (ler mais aqui).


4. Que sintomas dá?

A maior parte das mulheres tem prurido (menos frequentemente ardor), mas algumas não têm sintomas. As dificuldades a nível sexual são comuns: por estenose, por alterações da sensibilidade, pelo surgimento de fissuras ou de aderências.

Os sintomas ou o risco de complicações não têm correlação directa com as alterações da pele.


5. Que alterações pode dar?

As alterações podem ser subtis (e de diagnóstico mais difícil!) ou exuberantes. É comum que haja atrofia dos pequenos lábios, fusão do prepúcio (fimose) com ocultação do clitóris. A pele pode ficar esbranquiçada, com brilho e por vezes com fissuras e áreas de equimose. Nalguns casos pode haver estenose (aperto) da entrada da vagina.


6. O clitóris desparece?

É comum que o clitóris não seja visível, mas não desaparece! Apenas fica oculto pelo prepúcio, mas mantém normal função. Muito raramente é necessário realizar cirurgia por alterações da sensibilidade.


7. Que sinais são preocupantes?

Todas as mulheres com líquen escleroso deve ser observadas a cada 6-12 meses, independentemente de estarem sintomáticas ou não.

Deve motivar visita mais precoce a um médico com experiência em patologia vulvar: a não melhoria dos sintomas apesar de correcto tratamento e a presença de lesões na pele como placas ou úlceras.


8. É necessário realizar sempre uma biópsia?

Não. Na maior parte dos casos o médico fará o diagnóstico baseado nas queixas e no exame. A biópsia habitualmente reserva-se para os casos em que há dúvidas em relação ao diagnóstico, quando não há resposta ao tratamento, ou quando há lesões suspeitas.

Trata-se de um procedimento simples, realizado no consultório, com anestesia local e muitas vezes sem necessidade de levar pontos!

Nas crianças a biópsia é de evitar a todo o custo; caso seja estritamente necessária, deve ser realizada sob anestesia geral.


9. O risco de desenvolver cancro vulvar é elevado?

Estudos mais antigos apontavam para um risco de 3-5%. Considera-se que tal será exagero, pois não se conhece o número real de casos (muitos nunca são diagnosticados!). Por outro lado, com diagnóstico e tratamento adequado, o risco é muito baixo!


10. Que outras doenças se podem associar ao líquen escleroso?

É comum que surjam outras doenças auto-imunes associadas ao líquen escleroso. Salientam-se as tiroidites, diabetes, vitiligo, psoríase, lúpus, etc.. É discutível o seu rastreio sistemático, mas pelo menos a função tiroideia deve ser monitorizada com regularidade.


11. Como se trata?

A base do tratamento são os corticóides ultrapotentes (por ex. propionato de clobetasol). Deverá seguir rigorosamente as indicações do seu médico - se o fizer, o seu uso é absolutamente seguro!

Outras opções, como por exemplo os inibidores da calcineurina (tacrolimus, pimecrolimus) são opções de segunda linha.

O acto de coçar e tudo o que possa "irritar" a pele potencia a progressão da doença e deve ser evitado a todo o custo. Nessa lista incluem-se as lavagens frequentes e o uso de sabões e sabonetes.

O uso de emolientes e hidratantes é útil no controlo da doença; o uso de anti-histamínicos (especialmente os mais sedativos) pode igualmente ser muito útil.

Os tratamentos com LASER não têm utilidade e podem inclusivamente ser prejudiciais.

A cirurgia só tem papel na resolução de complicações.


Ligações úteis:

- www.issvd.org

- Líquen escleroso na criança

- Líquen escleroso - revisão da literatura (2007)

- Líquen escleroso - revisão da literatura (2017)

- Diferenças entre mulheres sintomáticas e assintomáticas

- Dermatoses vulvares e menopausa





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